viernes, 23 de noviembre de 2007

Saudade

...Saudade é solidão acompanhada, é quando o amor ainda não foi embora, mas a amada já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam, é a dor dos que ficaram para trás, é o gosto de morte
na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade: aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudades, passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido...


Pablo Neruda

Antonio para sempre!


Canção de Engate

Tu estás livre e eu estou livre
E há uma noite para passar
Porque não vamos unidos?
Porque não vamos ficar
Na aventura dos sentidos?

Tu estás só e eu mais só estou
Que tu tens o meu olhar.
Tens a minha mão aberta
À espera de se fechar
Nessa tua mão deserta.

Vem, que o amor não é o tempo
Nem é o tempo que o faz.
Vem, que o amor é o momento
Em que eu me dou, em que te dás.

Tu, que buscas companhia
E eu, que busco quem quiser.
Ser o fim desta energia,
Ser um corpo de prazer,
Ser o fim de mais um dia.

Tu, que continuas à espera
Do melhor que já não vem
Que a esperança foi encontrada
Antes de ti por alguém
E eu sou melhor que nada...

Vem, que o amor não é o tempo
Nem é o tempo que o faz.
Vem, que o amor é o momento
Em que eu me dou, em que te dás...

António Rodrigues Ribeiro

sábado, 17 de noviembre de 2007

La saudade...según wikipedia

La saudade (vocablo gallego-portugués, a su vez del latín solitudo, -inis, "soledad") es un sentimiento de melancólico recuerdo de una alegría ausente, pero cuya fuente puede retornar en el futuro previsible. El término, que expresa una emoción ambigua, se ha considerado uno de los más difíciles de traducir, y es uno de los conceptos clave de la lengua y la cultura portuguesa; la saudade es la emoción predominante del fado, y alienta también la bossa nova brasileña.De origen portugués, y a su vez del latín, la saudade ha sido una palabra definitoria de dos culturas: la portuguesa y la brasileña. Saudade, ya sea una emoción, un sentimiento o un pensamiento, es una de las palabras más importantes de la lengua portuguesa. Es la raíz del fado y de la samba; se trata de una voz que contiene la esencia de la vida, la tristeza y la alegría, el pasado, el presente y el futuro en un instante simultáneo.La saudade, como sustancia y palabra, siempre ha estado explícita en el dinamismo cultural. Para ejemplificar su importancia, se puede mencionar el movimiento literario - espiritual, a principios del siglo XX en Portugal, conocido como Saudosismo. Su gestación y fundamento se dio a través de la saudade y, hasta el día de hoy, mantiene una influencia significativa en la cultura de aquellos países. Dentro de los nombres que formaron parte de esta escuela se encuentra Fernando Pessoa.

Saudade em português


Quando ouvem a palavra saudade são muitos os que pensam: - Ah sim, a saudade, a palavra que não se pode traduzir e que identifica os portugueses. Mas a saudade não é uma palavra, não é o bilhete de identidade dos portugueses; a saudade não se pode perceber nem definir, mas apenas viver, experienciar. A saudade expressa-se em sentimentos, música, poemas, cantos mas, certamente, não é com palavras que a podemos traduzir. Antes de ser pensada a suadade foi cantada considera Eduardo Lourenço no seu Labirinto da Saudade.São tantos os que já procuraram definir a saudade como tantas são as hipóteses que colocaram para descrevê-la, mas a melhor maneira de compreendê-la é ir a Portugal, misturar-se com os portugueses e mergulhar na cultura lusitana. Tal como o filho que apresenta, simultaneamente, características da mãe e do pai, assim a saudade é, igualmente, uma mistura de muitos sentimentos: melancolia, nostalgia, monotonia, tédio, esperança, desespero, tristeza, conforto, etc. Alegrar-se de sofrer, sofrer por se sentir alegre…O conceito de saudade tem o seu locus nascendi algures em Marrocos, onde Dom Sebastião morreu mas ninguém pôde testemunhar a sua morte. Assim começou o movimento, quase seita, do sebastianismo, na qual os discípulos crêem que Dom Sebastião não morreu na batalha e que voltará num dia de nevoeiro, para que reine de novo a glória e a força do Portugal das Descobertas. Por isso, a saudade portuguesa exprime, entre outras coisas, o passado que foi e o futuro que nunca será. Um grande paradoxo que vivem os portugueses face às esperanças que têm no futuro de Portugal. Sonham com um destino maravilhoso, idêntico à época das Descobertas e, ao mesmo tempo, não fazem nada e não esperam nada porque não crêem que Portugal possa brilhar de novo. Em vez de baixar as expectativas que têm para o seu país, os portugueses preferem viver no passado e deixar passar o presente. Trata-se de um passado futuro! Escutemos Álvaro de Campos na sua Tabacaria: Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.A saudade que sentem os portugueses pode eventualmente ser explicada geograficamente. Com efeito, Portugal é um país pequeno cercado pelo mar, quase como uma ilha, que predispõe os seus habitantes a deixarem o continente. Não é por isso, supreendente a vontade que os portugueses têm em se virarem para o mundo, lançando-se ao mar. Os portugueses não gostam de limites e, por isso, evitam-nos. Os portugueses gostam de desafios; ficam tristes quando falham, mas ficariam ainda mais tristes se não tivessem tentado. As descobertas portugueses situam-se, algures, no passado porque as colónias já o foram. De todo o lado onde os portugueses chegaram, deixam e trazem lembranças da sua passagem. Da arquitectura à língua, de Marrocos à China, passando pela Índia, Japão e Timor.Por exemplo, em Morrocos, na cidade de Essaouira (antiga Mogador), uma pequena cidade portuária, que, pela sua situação geográfica foi acossada por muitos visitantes indesejados. Mas a influência mais marcante que nela se inscreve é a que os portuguses deixaram. Muitos edifícios da cidade apresentam uma arquitectura bem portuguesa, sobretudo a fortaleza.E os portugueses mobilizaram o recurso mais poderoso para as descobertas : o mar! Foi com o mar que chegaram até mundos desconhecidos e também foi o mar que definiu o reino do Portugal das Descobertas. Por isso, Portugal foi cobiçado mais de uma vez pelos seus vizinhos e saudosos inimigos de estimação. O mar também foi, e ainda é, indispensável à alimentação e prosperidade dos portugueses. No entanto, os portugueses não conseguem pensar o mar sem saudade, porque o mar venturoso também matou muitos deles: exploradores, navegadores, pescadores, homens, mulheres, crianças, esposos, esposas, filhos, filhas, mães, pais, avôs, avós, irmãos, irmãs, tios, tias, primos, primas, amigos, amigas, etc. O mar conferiu -e confere ainda - poder aos portugueses mas também lhes mostra, às vezes, que é maior do que eles. Esta dura lição de humildade, esta impôtencia, esta imprevisibilidade e este paradoxo do mar são componentes do grande sentimento da saudade.