domingo, 17 de octubre de 2010

Estou além_António Variações_ versió català




ESTOU ALÉM

No puc dominar
Aquest estat d'ansietat
La pressa d'arribar
para no arribar tard
No sé de què fujo
Serà d'aquesta solitud
però perquè recuso
Qui em vol donar la mà

Continuaré buscant a qui jo em vull donar
Perquè fins a aquí jo només...

Vull qui
Qui jo mai vaig veure
Perquè jo només vull qui
Qui no vaig conèixer
Perquè jo només vull qui
Qui jo mai vaig veure
Perquè jo només vull qui
Qui no vaig conèixer
Perquè jo només vull qui
Qui jo mai vaig veure

Aquesta insatisfacció
no puc comprendre
Sempre aquesta sensació
Que estic perdent
Tinc pressa de sortir
Vull sentir a l'arribar
Ganes de anar-me
Per un altre lloc

Continuaré buscant el meu món, el meu lloc
Perquè fins a aquí jo només

Estic bé
On jo no estic
Perquè jo només vull anar
On jo no vaig
Perquè jo només estic bé
On jo no estic
Perquè jo només vull anar
On jo no vaig
Perquè jo només estic bé
On no estic

jueves, 14 de octubre de 2010

Canção do Engate_ António Variações_ Versió Català

Pot ser que aquesta siga la primera traducció al català de la Canção do engate de António Variações.

És un bellíssim poema a la solitud i a la necessitat de romandre unit a un altre ésser humà. Deteste fer traduccions, espere que, en aquesta, no es perda almenys l'essència de António Variações. Perdonar-me per endavant!

Ací va...




Tu estàs lliure i jo estic lliure

i hi ha una nit per a passar

perquè no anem units

perquè no anem a quedar...

en l'aventura dels sentits...


tu estàs sol i jo més sol estic

que tu tens la meva mirada

tens la meva mà oberta

a l'espera de tancar-se

en aquesta teva mà deserta


ve que l'amor

no és el

temps ni és el

temps que ho fa,

ve que l'amor

és el moment

en que jo em dono

en que et dónes.


tu que busques companyia...

i jo que busco qui vulgui,

ser la fi d'aquesta energia...

ser un cos de plaer,

ser la fi de més un dia...


tu continues a l'espera,

del millor que ja no ve

i l'esperança va ser trobada

abans de tu, per algú...

i jo sóc millor que res...


(António Variações somos todos nós)





Altres versiones:

http://www.youtube.com/watch?v=UwaDHgC5Z_Q&feature=fvw
http://www.youtube.com/watch?v=14r9uWbU8Ik
http://www.youtube.com/watch?v=jfDzZNlT07s&feature=related

lunes, 3 de agosto de 2009

Pedra Filosofal de António Gedeão

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

In Movimento Perpétuo, 1956

lunes, 11 de mayo de 2009

Elogio à Mulher Portuguesa


A mulher portuguesa vive ainda amordaçada pela sua condição de mulher. Debaixo de um luto eterno ecoam sons melancólicos e fatídicos do fado da sua vida. A nossa sociedade é injusta, e até cruel, para com as nossas mães, mulheres e amantes. Marcada ainda pelos castradores dogmas católicos, este ser maravilhoso parece condenado a penitenciar por um pecado original de uma Eva que nunca pecou, enquanto Adão sempre soube permanecer impune. A mulher pode ter muitos defeitos, mas no que respeita a “pecados” fica bem atrás do homem.
Apesar de todos os progressos, a mulher portuguesa continua forçada a viver uma sensualidade escondida na vergonha do medo e da ignorância de uma sociedade hipócrita e minada de esterótipos anacrónicos. A mulher portuguesa parece ter medo, quase vergonha, do seu corpo. Trata-o mais como um empecilho do que uma obra de arte da natureza esculpiu. Já alguma vez se interrogaram porque razão as mulheres portuguesas, sobretudo depois de casarem, se vestem tão desajeitadamente, tão cinzentas e sem graça, como se fossem avós? Será o eterno fantasma chamado “medo”, seja medo dos outros ou medo delas próprias.
A mulher portuguesa não é feliz porque não a deixam ser livre. Vive acorrentada a preconceitos teimosamente reincidentes, mesmo na camada mais jovem da população. Se seduz é uma desavergonhada, se ousa é uma descarada, se está livre é um perigo, se triunfa na vida é porque dormiu com alguém importante, se é bonita é tratada como uma peça de museu, assediada com piropos de rapazes imberbes e propostas indecentes de labregos que abundam nas nossas praças.
A mulher portuguesa tem um sorriso bonito e meigo, mas reprimi-o com o medo que este seja interpretado como um sinal de uma coisa que nem lhe passou pela cabeça. É obrigada a carregar um pesado fardo de deveres e obrigações que lhe atormentam a vida. Enquanto jovem, é a família que lhe limita a diversão. “O namoro deve ser uma coisa séria”, de preferência já a pensar no casamento. E será o casamento a chave da independência há tanto ambicionada?
Pura ilusão. Rapidamente a mulher se apercebe que a liberdade não passa de uma vã miragem. Do jugo da família passa para o jugo do marido e, mais tarde, dos filhos, dos pais, dos sogros e o que mais houver. Do estatuto inebriante de amante ela passa rapidamente àquele que parece ser o seu estado natural, “mãe” e “dona-de-casa”, mesmo apesar de trabalhar fora de casa como o homem. Neste estado ela vê-se remetida para uma existência asexuada, longe de ser uma verdadeira mulher. Uma mulher “dona-de-casa” não tem tempo para o romance pois o seu quotidiano é preenchido com a azafama da casa, das compras e dos filhos. A este estado de “mãe dona-de-casa”, na física designa-se por atractor estável: uma vez que o sistema entre nesta zona fica aí aprisionado para sempre.
A mulher portuguesa não tem espaço para ser mulher. Que tempo resta para pensar em si, para sentir e partilhar o amor que possui no seu coração? Por vezes não passa de um corpo cansado dos deveres domésticos e que transporta uma mente ocupada de problemas e tarefas rotineiras, sem imaginação e sem espírito, mas com muita dedicação e muito amor.
A mulher portuguesa pode não ser tão bonita e vistosa como a francesa ou a italiana, mas é das mulher mais ternas, apaixonadas e dedicadas que conheço. De outra forma como podia ela suportar uma existência tão madrasta? Na sua ingenuidade e carinho ela guarda uma grande sabedoria que não aparece em nenhum livro ou registo, mas que se sente no calor da sua presença. De uma forma discreta ela mostra o seu amor por tudo o que lhe é querido, enquanto fica à espera. À espera que um dia lhe deixem ser aquilo que sempre sonhou: mulher.



Armando Vieira, PhD Departamento de Física Instituto Superior de Engenharia do Porto
Fotografía: Estátua no local do torrão , distrito do porto: "Homenagem à mulher portuguesa"

viernes, 23 de noviembre de 2007

Saudade

...Saudade é solidão acompanhada, é quando o amor ainda não foi embora, mas a amada já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam, é a dor dos que ficaram para trás, é o gosto de morte
na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade: aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudades, passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido...


Pablo Neruda

Antonio para sempre!


Canção de Engate

Tu estás livre e eu estou livre
E há uma noite para passar
Porque não vamos unidos?
Porque não vamos ficar
Na aventura dos sentidos?

Tu estás só e eu mais só estou
Que tu tens o meu olhar.
Tens a minha mão aberta
À espera de se fechar
Nessa tua mão deserta.

Vem, que o amor não é o tempo
Nem é o tempo que o faz.
Vem, que o amor é o momento
Em que eu me dou, em que te dás.

Tu, que buscas companhia
E eu, que busco quem quiser.
Ser o fim desta energia,
Ser um corpo de prazer,
Ser o fim de mais um dia.

Tu, que continuas à espera
Do melhor que já não vem
Que a esperança foi encontrada
Antes de ti por alguém
E eu sou melhor que nada...

Vem, que o amor não é o tempo
Nem é o tempo que o faz.
Vem, que o amor é o momento
Em que eu me dou, em que te dás...

António Rodrigues Ribeiro